Hoje eu fiquei pensando sobre o que leva uma pessoa resfriada a fazer uma viagem de ônibus, durante oito horas (que de carro duraria apenas a metade), ouvindo a conversa fiada de pré-adolescentes que só falam gritando, choro de criança, piadas de marmanjos, os olhos ardendo, o frio do ar-condicionado, as inúmeras paradas, o sobe e desce de gente, três pisões no pé, o pitiii de um homem, só porque sentaram na sua poltrona, a grosseiria de outro que sentou na poltrona, equivocadamente, e todas as outras coisas as quais os viajantes de ônibus têm que se submeter. Quando cheguei finalmente ao meu destino, descendo do ônibus, ouvi o assobio característico do meu pai, aquele assobio que eu reconheceria em qualquer lugar. Aquele que fez meu coração encher-se de alegria e alívio. Que transbordaram com o abraço apertado. No caminho pra casa, as notícias corriqueiras: a decoração da cidade pra festa de São João, o trânsito difícil. Mais um abraço apertado, agora o da minha mãe, que ficou terminando de preparar o jantar. O cuscuz com carne guisada, delicioso, e olha que eu nem gosto de cuscuz. Agora as notícias gerais. Como anda a vida, a casa, o trabalho? Tá se alimentando direito? Não vamos a festa, estamos muito cansados, preferimos ficar em casa. Só eu e eles, as pessoas a quem mais amo nessa vida. Aqui o teto é seguro, o clima é ameno, a água do chuveiro não é gelada, a comida é feita na hora, sempre tem vitamina "c" na farmacinha do banheiro e o mais importante de tudo, sempre existe aquele cafuné. Ele me leva pra ver o carro quase novo. Me faz liga-lo e experimenta-lo, como se isso tivesse realmente importância, porque já consultou os meninos, além do mais, eu não entendo nada de válvulas e cilindradas. É a maneira que encontra de me incluir no grupo dos "caras". Amo esse homem. Depois ela vem. Mostro todas as minhas novas aquisições no quesito moda e beleza. Conversamos sobre o fim da faculdade. Ela pergunta sobre o príncipe. Respondo, entre risos, que ele ainda não se apresentou, sempre atrasado. Ainda não é a hora, diz profeticamente. Amo essa mulher. Beijos de boa noite e até amanhã. Como é bom estar em minha CASA. Tá explicado.
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2 comentários:
Boa noite, autarquia do agreste. Gosto da maneira fluente como você descreve as coisas, poderia escrever um livro ;)
Valeu amigo!
Até penso nisso, mas vou deixar pra depois que minha carreira com terapeuta já estiver firmada. :P kkkkkk
Bjos!
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