DESAMOR

sábado, 17 de julho de 2010

por andré muhle

"Não vejo mais graça naquela sua calcinha que de tão velha era cheia de bolinhas de algodão. Eu dizia que achava sexy, verdade.
Mas só agora vejo que isso não faz sentindo nenhum.
Também não acho que Vinícius escreveu aquele poema pensando na gente. Como?
Se ele morreu antes mesmo da gente se conhecer?
Era ridículo pensar assim.
Não acredito mais que nosso amor venha de vidas passadas.
Até porque nem em vidas passadas eu acredito mais.
Amelie Poulin não é um dos meus filmes preferidos porque foi o primeiro que a gente assistiu junto no cinema.
Ele seria bom mesmo se eu tivesse ido sozinho.
Não acredito que meu cabelo tenha ficado assim de tanto você passar a noite enrolando com o dedo. Nem acho que seus cachinhos, depois que você lava com aquele shampoo de camomila, fiquem mesmo parecendo fios de ovos.
Isso é bobo, infantil e até mesmo nojento.
Onde já se viu misturar cabelo com comida?
Não acho que Paris só vá ter graça com você.
Pelo amor de Deus, é Paris né?
Eu não penso mais em você quando escuto “Somewhere in her smile she knows That I don't need no other lover”.
Não acho que a lua estava mais cheia naquela noite lá na praia.
A lua é uma só e, sendo assim, tem o mesmo tamanho pra todos.
Nem muito menos acho que você seja a mulher da minha vida.
Uma pessoa só pode ter certeza disso 5 minutos antes de morrer.
E por fim, mas não menos importante,
Eu não acredito mais em você. "


Achei esse texto impresso em meio a um monte de papéis e fiquei me perguntando porque o guardei... Eles sabem demais, sem dúvida.

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