Aquele sobre a copa do mundo.

domingo, 20 de junho de 2010

Pois é. Copa do Mundo, eleições, não necessariamente nessa ordem. E tome o povo a falar merda. Porque nessa época os brasileiros cometem, entre outros, dois grandes pecados: Discutir politicagem e futebol. E prestem atenção: politicagem, porque política de verdade, essa ainda tá longe de ser minimamente entendida por um povo que em sua maioria decide o voto pela cor do partido. Nessa época, até os mais acalorados defensores da democracia, intelectos no maior grau de evolução, encarnação da sapiência, tornam-se intolerantes e descontrolados ao receberem críticas a sua ideologia. Aquela conversinha de Voltaire de "posso não concordar com uma só palavra do que dizeis, mas defenderei até a morte vosso direito de dizê-lo", era tudo mentirinha. Defenderei o direito de dizê-las, desde que diga o que eu quero ouvir. Aí, lá vai você ser obrigado a presenciar discussões acaloradas sobre quem desviou menos dinheiro dos cofres públicos, como se isso fosse atenuante. Coloca-se em dúvida desde a hombridade do cidadão até a vida conjugal, considerando a quarta geração de ascendentes e descendentes. Não que eu saiba muita coisa sobre política. E é exatamente por ter a consciência de não saber muita coisa sobre o assunto que não saio por aí me metendo a falar, deixo isso para os cientistas políticos, ou para quem de fato tenha alguma propriedade para tal. Igualzinho é com o futebol. É engraçado que, em época de copa, todo mundo vira especialista. O cara nasce praticamente com dois pés esquerdos, o máximo de futebol que jogou na vida foi aquele no playstation, e vem se meter a analisar a escalação, o estilo do técnico, a raça dos jogadores. Você é obrigado a ouvir que a culpa da expulsão injusta do jogador, foi do pobre do técnico, que deveria ter percebido que ele tava estressadinho. Meu irmão, evite! Tá com medo, pra que veio??! O cara foi muito controlado até, eu que não tava lá, e sou mulher, diga-se de passagem, tive vontade de entrar com os dois pés num daqueles rapazes distintos (porque agora a gente tem que ter muito cuidado pra não parecer politicamente incorreto xingando alguém). Ainda tem fulaninho que vem dizer que essa copa tá muito diferente das outras. O que é óbvio. Grande descoberta. É claro que tá diferente. Em tempos de globalização, de crise econômica, onde existe uma tendência a homogeneização, a uma equiparação. No esporte não poderia ser diferente. Não que as "grandes seleções" estejam piores, é que ficou tudo muito igual. Eita, agora estou eu aqui, a misturar futebol e política. É melhor parar. Por isso que tenho assistido aos jogos da copa sozinha. Isso me permite não ter que ouvir os gritos histéricos das mulheres, motivados pelas pernas e rostinhos bonitos de um ou outro jogador (confesso que os latinos são os meus preferidos), nem as absurdas bobagens ditas por marmanjos barbados que acham tão fácil fazer um gol, mas nunca disputaram nem campeonato de botão. Xingo o juiz quando quero, grito quando quero, bato palmas. Deixo o futebol pra quem sabe. Do contrário, eu estaria no lugar deles. Aperto no "mute" quando não quero ouvir o Galvão. E fico tranquila. Porque "posso não concordar com uma só palavra do que dizeis, mas defenderei até a morte vosso direito de dizê-lo", mas ninguém falou que sou obrigada a ficar pra ouvir.

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