Domingo, dia de rasgar papéis

domingo, 25 de abril de 2010

O dia passou lento. Mesmo com o despertar ao meio dia. Uma sensação de estranheza. Fazia tempo que não dormia até tão tarde num domingo. Aliás, fazia tempo que não dormia até tão tarde em dia algum da semana. Depois de um prato de macarrão com frutos do mar, especialidade da casa, uma tarde repleta de filmes e seriados, a base de chocolate. O dia perfeito, porque ela quis que fosse assim. Um dia inteiro para curtir a preguiça e bolar pela cama até enjoar. Só ela, all by herself. Pensando bem, sempre achou o domingo um dia estranho, é um dia que não se vive plenamente. Tudo o que se faz é pensando no dia seguinte. Porque tudo bem sair em plena quarta-feira, dormir as 3:00 da madrugada, pra estar no trabalho as 8:00 da manhã. Mas no domingo, nem pensar. Domingo é quando você dorme até mais tarde porque saiu no sábado a noite. Domingo é o dia de almoçar na casa da avó. Domingo é o dia em que você até pega uma praia, se tiver praia. O que não é o caso. Domingo é o dia de levar o filho pra brincar no parquinho. O que também não é o caso. Ou o dia em que você vai tomar um café com as amigas, no final da tarde. O fato é que para o domingo, a programação é sempre light e a sessão é matinê. E ela até gosta. Como não houvesse nada mais interessante pra fazer, além de todo aquele trabalho com prazo pra entregar, ao qual ela simplesmente ignorou, decidiu aproveitar o clima ameno do domingo para rasgar papéis. Desfez-se de um monte de coisas. Cartas velhas, fotos antigas, comprovantes de compras no cartão, roupas que há tempos não usava. Talvez, percebendo pela lei da física, como pessoa inteligente que é, que duas coisas não podem ocupar o mesmo lugar no espaço, ao mesmo tempo, ela resolveu se livrar de toda aquela tralha inútil. É que ela tem essa mania de acumular coisas durante o tempo, e depois sempre se perguntar pra quê? Então ela resolveu abrir espaço. Como se rasgar papéis fosse o suficiente para acabar com essa espera, às vezes, irritantemente angustiante, pelo novo. No fim das contas, se nada acontecer, terá o guarda roupas em ordem por alguns dias.

Pensamentos soltos ¹

terça-feira, 20 de abril de 2010

Ontem eu não dormi bem. Deitei com todos aqueles motivos mesquinhos e fúteis, dessa minha existência de pacata cidadã da civilização, ocupando os pensamentos. Não dormi bem. E nem tinha perdido uma vida dentro de mim. Nem descoberto uma doença sem cura. Nem visto a minha cidade, ou minha casa, ou minha vida, devastadas pelas forças da natureza, ou pela irracionalidade humana. Mas ontem a noite ela estava lá. Em algum lugar. Ela tinha motivos reais. E eu me senti pequena. E como sempre, questionei Deus. Porque essa sensação de impotência é terrivelmente frustrante.

Pensamentos soltos

Convenhamos que há muita graça em ser humano. Assim imperfeitos. Incompletos pela própria natureza. Nada é o bastante. Reclama-se pelo muito. Reclama-se pelo pouco. Reclama-se pela falta e pelo excesso também. Considerando que o conceito de equilíbrio é algo muito subjetivo, a que buscar então?

Try to understand that I'm...

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Trying to make a move just to stay in the game...

É demais, um negócio desses...

terça-feira, 13 de abril de 2010

"Nosso amor não deu certo
Gargalhadas e lágrimas
De perto fomos quase nada
Tipo de amor que não pode dar certo
Na luz da manhã
E desperdiçamos os blues do Djavan...
Demasiadas palavras

Fraco impulso de vida
Travada a mente na ideologia
E o corpo não agia
Como se o coração
Tivesse antes que optar entre o inseto e o inseticida...
Não me queixo

Eu não soube te amar
Mas não deixo de querer conquistar
Uma coisa qualquer em você
O que será?
Como nunca se mostra

O outro lado da lua
Eu desejo viajar do outro lado da sua
Meu coração, galinha de leão
Não quer mais amarrar frustação
O eclipse oculto na luz do verão...
Mas bem que nós fomos muito felizes

Só durante o prelúdio
Gargalhadas e lágrimas
Até irmos pro estúdio
Mas na hora da cama
Nada pintou direito
É minha cara falar
Não sou proveito sou pura fama....
Não me queixo

Eu não soube te amar
Mas não deixo de querer conquistar
Uma coisa qualquer em você
O que será?
Nada tem que dar certo

Nosso amor é bonito
Só não disse ao que veio
Atrasado e aflito
E paramos no meio
Sem saber os desejos aonde é que iam dar
E aquele projeto ainda estará no ar...
Não quero que você fique fera comigo

Quero ser seu amor
Quero ser seu amigo
Quero que tudo saia como som de Tim Maia
Sem grilos de mim
Sem desespero
Sem tédio, sem fim..."

Eclipse oculto.

A música que tocou no carro hoje

segunda-feira, 12 de abril de 2010




É muita coincidência pra uma vida só.

Sobre o extraordinário

domingo, 11 de abril de 2010

Um daqueles dias em que você pensa que melhor seria ter ficado em casa dormindo. Quando tudo parece dar errado, começando do exato minuto em que você coloca o pé esquerdo pra fora da porta. Aqueles dias em que a "burrice" e a mediocridade humana parecem gritar no teu ouvido, e mesmo o menor dos sussurros incomoda pra caramba. Dias em que você pára pra pensar, por dois minutos, e é o suficiente para perceber que nada te comove, tampouco te convence. Aí, me aparece você. Vindo de não sei onde. Indo pra lugar nenhum. Vestido em palavras bonitas. Falando de amor, contando-me dos seus segredos, dos seus truques e artimanhas. Do desejo. Do calor de um beijo beijado. Do olhar que, tímido, foge. Da pele que arrepia, ao toque. Você. Com todos os detalhes que você não deixa escapar. Sendo exatamente o oposto de tudo o que é medíocre. E não há no mundo alguém que explique, ou que entenda. E não há como não querer. E eu lembro de você, e fico olhando as flores. Elas acalmam meu coração.

Aquele sobre a felicidade.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

- Ai, ai, como eu queria ser feliz!
- Feliz eu já sou. Só me falta mudar alguns detalhes.

Nada como uma noite de neblina, regada a cerveja, pra quem bebe cerveja, caipiroska, pra quem bebe caipiroska, H2O e suco de acerola, pra quem tá de resguardo.
E muitas risadas. Boas risadas.
Afinal, como diz a história, sobre a felicidade, só nos resta rezar pra saber reconhecer os pequenos momentos em que ela se apresenta.
E aproveitar.

Engraçadinha

quinta-feira, 8 de abril de 2010

"Cê é o colírio do meu ôiu."
"Cê é o cisco no meu ôiu (o ôtro ôiu - eu tenho dois)."

Sobre a alma

segunda-feira, 5 de abril de 2010

"Nada sabemos da alma,
Senão da nossa.
As dos outros são olhares,
São gestos, são palavras.
Com a suposição
de qualquer semelhança no fundo."

Duelo

domingo, 4 de abril de 2010

Vai emoção, continua enredando em teus sinceros e docemente perigosos devaneios.
Vai razão, lembra ao corpo de que ele necessita respirar.
Lembra ao coração que é impossível viver em tamanho descompasso. Essa constante arritmia é desumana.
Vai pensamento, voando a mil, conjecturando infinitas possibilidades.
Vai coração, lembra que o que se leva da vida é a vida que se leva.
O mais... é nada.