Flores pra você.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

O entregador chega na sala e pergunta quem é ela. Ela tem os olhos baixos, escreve, e pensa no resultado da ligação que acabara de fazer. Ela é ela mesma. Até onde ela sabe ser. Até onde ela pensa que é. As flores são pra ela. - É mentira! O entregador dá uma risada gostosa da sua reação. Aliás, o entregador deve achar no mínimo estranha uma reação dessas, vinda de uma mulher, que acaba de receber flores. Não percebeu se era o mesmo da outra vez. Se era, deve ter achado-a louca. - Quem mandou? Sem cartão. Sem mensagem. Sem telefonema. Sem e-mail. Sem sinal de fumaça. Sem sinal nenhum. São flores do campo. Coloridas. Simples. Ela gosta. O entregador continua rindo. Acho que pensa na resposta que não pode dar àquela pergunta. - Quem mandou? Ela continua sem entender aquele arranjo sobre a mesa. Procura auxílio no dicionário da era informacional. No Google encontra um possível significado para as flores do campo: Juventude. Equilíbrio. Ponderação. Seria alguma homenagem pelo dia do servidor público? Seria uma demonstração de carinho, sem maiores intenções. Ela continua sem entender o que significa tudo aquilo. Mas elas são bonitas. Não esperava recebê-las numa quarta-feira, a tarde, depois de um dia que começou com uma curta noite de sono. Aliás, não esperava recebê-las, em momento algum. Mas elas são bonitas. Coloridas. Simples. Ela gosta.
Sr Anônimo, ela pede para informar-lhe que respeita totalmente a sua decisão por preservar sua verdadeira identidade. Porém, deve lembrar-lhe que, embora tenha muitas qualidades e características interessantes, a clarividência e a advinhação não estão entre elas.
Portanto, caso o senhor deseje colaborar, ela apreciará imensamente o dia em que resolver sair do anonimato.

Sobre o medo.

sábado, 24 de outubro de 2009

Houve um tempo em que tudo era mais fácil. Até sentir medo era mais fácil. Porque agora, até isso, querem proibir. Até isso tá difícil de sentir. Ela tem que sentir sozinha, calada, quieta no seu canto. Por que ninguém consegue perceber o medo nos seus olhos? Porque ninguém consegue entender o medo que ela sente. Quando a gente é bebê, tem aquela fase de temer dar os primeiros passos. A gente sente uma vontade imensa, mas depois de tentativas e quedas, bate aquele medo de continuar, até que vem um adulto, geralmente a mãe, ou o pai, que segura nossa mão e nos conduz. Quando a gente menos espera, sai andando sozinho, depois correndo. As quedas continuam a acontecer, mas a gente já sabe como levantar, e até aprende a ter o cuidado em evitar as próximas. Houve um tempo em que ela só sentia medo do palhaço, de barata, do escuro, da bruxa, do fantasma e do lobo-mau que poderia saltar durante a noite do lençol da cama. Então ela corria, na ponta do pé, cruzava a porta que ia dar no quarto da mãe. E ficava ali, parada no escuro, do lado da cama, até que a mãe, acordasse, sentindo sua presença, e perguntasse o que tinha acontecido. Então ela deitava ao seu lado, até adormecer, e nada mais importava. Porque ali, ela estaria segura. Agora ela tem medos mais reais. De tudo aquilo que ela desconhece, de algumas coisas que ela conhece também. Ela só tem medo. Medo do futuro, que acontece a cada novo dia. Medo, pelas indefinições e incertezas. Medo de não construir nada. Medo dela mesma e de suas decisões. Medo das escolhas erradas. Medo do arrependimento. Medo do não ter tempo pra consertar os estragos e retomar o caminho. Só que agora não existe mais a porta por onde ela corria a noite. Todos esses medos dependem dela, e somente dela. E não há nada que ninguém possa fazer sobre isso. Mas podiam ao menos deixa-la sentir. E de vez em quando, por alguns minutos, olharem de longe, pra estender a mão e dar o velho empurrãozinho, caso, em algum momento, ela caia. Porque sentir medo é uma merda. Mas uma vez que ele existe, é pra ser sentido.

Fato Consumado

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

"Eu quero ver você mandar na razão. Pra mim, não é qualquer notícia que abala o coração. Se toda hora é hora de dar decisão, eu falo agora: No fundo eu julgo o mundo um fato consumado e vou-me embora. Não quero mais, de mais a mais, me aprofundar nessa história. Arreio os meus anseios, perco o veio e vivo de memória...
Eu quero é viver em paz. Por favor me beija a boca. Que louca!"
Ouvi essa música hoje cedo, achei tão apropriada.

Por que não eu?

domingo, 18 de outubro de 2009

Porque você é aquela pessoa tão bacana. Aquela pessoa inteligente. Aquela que faz ela rir, o sorriso mais sincero. Porque você é aquela pessoa do abraço mais gostoso. Aquela pessoa que percebe, que sente, que ouve. Que derrete toda ela, quando a chama de flor. Aquela que tem um gosto que ela gosta. Que conhece a música certa. Porque uma simples pizza a noite, vira um desses momentos pra guardar pra vida inteira. Que a olha, com os olhos apertados. Como se visse algo irreal. E fica tentando decifrar cada palavra. As ditas e as não ditas. Cada gesto. Porque você é aquela mistura de pessoas que ainda não sabe que existe. Porque você é aquela pessoa, por quem ela definitivamente se apaixonaria.

Ansiando por mudanças!

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Ainda bem que existem pessoas que conseguem transpassar essa aparente carapuça rochosa. Que conseguem ler nas entrelinhas. E perceber que essa ironia é só uma forma de provocar. A indiferença, essa sim é motivo para preocupação. Porque agora tem uma história de todo mundo se achar conhecedor dela. Dizendo o que deve e o que não deve, o que pode, o que precisa, o que deseja, o que pensa, o que sente. Como diz o filósofo: Existe mais entre o céu e a terra do que supõe a nossa vã filosofia. Muito mais. Aos mais desavisados: “Nunca pense que sabe tudo, e não se acomode”. Foi uma coisa que ela aprendeu. Então não pense que conhece as respostas. Não procure entender, nem definir. De certo só a certeza do incerto, do improvável, do imprevisível, do inconstante. Tão presentes quanto o ar que precisa pra viver. Como na música, ela prefere as pernas que lhe movimentam. Não procure por respostas. O máximo que ela pode te oferecer são mais perguntas.

O vermelho

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Não é porque o vermelho é a cor da moda. Pra falar a verdade ela nem sabe qual é a cor da moda, nem as tendências para a próxima estação. Isso nunca teve importância. E, a bem da verdade, sempre achou que o vermelho não lhe cai muito bem. Talvez, por causa dessa pele, que nem é branca, nem é morena, nem amarela. Talvez, por causa desse cabelo, que nem é claro, nem é escuro. Essa cor de não sei o que. Nada contra o vermelho, nem contra a pele, muito menos contra o cabelo. É só que eles não combinam. Sempre preferiu o azul, o cinza, o preto e todos os tons frios e sóbrios. Tão sóbrios quanto ela mesma sempre foi. Mas hoje ela decidiu sair do comum. Ousou usar vermelho, nem que seja somente nas unhas. Só pra sentir que podia. Alguma coisa que distoe dessa aparente frieza. Alguma coisa que transgrida, que agrida. Que abuse. Que surpreenda. Alguma coisa que mostre, que as coisas não são o que aparentam ser. Porque uma das maiores verdades do mundo é que de perto ninguém é normal. E ninguém sabe o que ela realmente é, tampouco o que deseja. Porque nem ela o sabe ainda. Nem tem pretensão de saber. Não consegue se decidir pela mulher, ou pela menina. A única coisa que é certa, é essa vontade de ser. E esse estranho desejo pelo vermelho. Porque hoje, entre tantas outras coisas, ela decidiu que o vermelho combina.

O ócio

domingo, 11 de outubro de 2009

Ultimamente tenho pensado que a vida de solteiro exige movimento. O que pode torná-la bastante onerosa. Porque uma das piores situações para quem está solteiro é o ócio. O não ter nada pra fazer. Aquela história de mente vazia, casa do diabo. Porque é nessas horas que quase que instantânea e inevitavelmente vem aquela estranha sensação de querer ter alguém do teu lado. Sei lá pra quê?! Pra sair do ócio. Só pra ter com quem falar. Pra contar como foi teu dia. Pra saber que tem alguém que se preocupa, pra saber que você também se preocupa com alguém. Pra ganhar um abraço apertado. Ou simplesmente, pra ter alguém fazendo nada com você, achando que aquilo é a melhor coisa do mundo. Aí surge uma das mais perigosas combinações já inventadas pela humanidade: o ócio de uma pessoa solteira e o telefone móvel, com memória para mil números, inclusive os de todos os ex, atual(is), ou futuro(s). Sem contar aquelas mensagens antigas da caixa de entrada que insistem em continuar lá. Você olha para um lado, olha para o outro. Pega o telefone. Vai passando a lista até encontrar o nome, o que é uma mera tentativa de ganhar tempo, porque na maioria das vezes você sabe o número de trás pra frente. Continua olhando fixamente. Pensando no que danado você vai falar. Em que desculpa vai inventar para não parecer ridículo por ter ligado uma hora dessas. Então, você segue o conselho de um amigo e se segura. Agarra o travesseiro e fica bem quietinho, esperando que a vontade passe e que o sono chegue.

Poeminhas.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Vagueio pelos meus pensamentos,
inventando pessoas e paisagens.
Falo bobagens.
Faço coisas sem sentido.
Provoco o mundo.
Só pra ver do que ele é capaz.

Vivo.

Os barrigudinhos.

Segunda-feira, checando a caixa de entrada, recebi um texto, encaminhado pelo seu Kátio, que me fez ganhar o dia. Falava sobre as vantagens de se apaixonar por um homem barrigudinho. Passado o susto por ter recebido um texto desse teor do meu pai (depois as pessoas ainda perguntam porque eu sou assim), fiquei refletindo sobre o tema, até porque ele tem sido recorrente em roda de amigos. Entre algumas das vantagens foi citado que o homem que não se preocupa tanto com o próprio corpo, ou não tem tantos atrativos físicos, tem que obrigatoriamente ser bom de papo, tem que se esforçar muito mais pra agradar a mulher, por isso presta muito mais atenção nela, nas suas vontades. Embora acredite que o texto deve receber o desconto quanto a veracidade absoluta das afirmações, tenho que concordar que o argumento é bem interessante. O fato é que alguns homens se sentem inseguros quanto a questão. Lembrei de algumas queixas de amigas e, homens, prestem bastante atenção , a barriguinha não foi citada. Entenda aqui por barriguinha, aquela de cerveja, nada que venha a comprometer a capacidade cardíaca do indivíduo. Então fiquem tranqüilos. Mas não se acomodem, o equilíbrio é fundamental. Na opinião da Geral, mais vale um magrinho saradinho, que um fortão bombado e artificial. Homens de óculos são um charme. Branco, moreno, amarelo, varia conforme o gosto. Tatuagens, brincos e afins, tem seu quê de apelo, há quem goste. Barba ou cara lisa, varia conforme a fase hormonal, mas para uma boa parte, barba roçando na pele, é tiro e queda. O cheiro é imprescindível. Homem tem que ter cheiro de homem, nada de perfume de bebê, a menos que ele queira ser adotado, ou que a esposa esteja grávida, enjoando os demais perfumes. Mais novo ou mais velho não tem tanta importância, dependendo dos objetivos, e desde que a companhia seja agradável. No mais, homem tem que ter jeito de homem. Entenda-se por “jeito de homem”, atitudes firmes. Isso vai desde o modo de segurar um copo, até o jeito de olhar. Ele tem que passar toda a segurança que cientifica e geneticamente a mulher procura, mas sem brutalidade. Nada de cantadas baratas e frases feitas. Afinal, inteligência e bom humor são requesitos em alta. Aceitar um não na esportiva abre uma possibilidade, mesmo que pequena, dele vir a se tornar um sim. Resumindo, desde que a conversa agrade, que a pegada seja firme, a barriguinha é um mero detalhe.
Homens, quero comentários e respostas.

Time.

Tem pessoas por quem você se apaixonaria, tem pessoas que se apaixonariam por você. Difícil é acertar o tempo. Aquela história da pessoa errada na hora certa, e da pessoa certa na hora errada.
Hoje, eu quero sair só.

Sr. Ladrão da Internet

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Please, não roube o meu perfil!

100 lugares que você não precisa conhecer antes de morrer.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Maracaípe no feriado de 07 de setembro. Você consegue chegar, mas não consegue sair. Não encontra nenhuma mesa disponível (guarda-sol e cadeiras são artigos de luxo, disputados a tapa). Passa uma hora pra conseguir encontrar o garçom, mais uma hora pra fazer o pedido, mais uma hora esperando que o pedido chegue, pela metade. E ainda corre o risco de sua amiga pegar ar com o engarrafamento, decidir deixar o carro, e vocês terem que voltar a pé pra Porto, no sol das 2h da tarde.
I love it.

Para todo fim, um recomeço.

Discutir a relação quando ela existe já é difícil, discutir a relação quando ela já acabou é praticamente um pedacinho do inferno na terra. Após mais um desses momentos preciosos, que, insisto em dizer, só acontecem comigo. Fiquei pensando sobre em que momento um relacionamento chega ao fim? Quando é que o amor acaba? Por que é que ele acaba? Porque é extremamente frustrante ver que todos os planos e sonhos que um dia você compartilhou com alguém, não vão mais acontecer. O fim é doloroso, mesmo que traga consigo um alívio imediato. Pra onde vai todo aquele sentimento que você em algum momento teve tanta certeza sentir? Para onde vai aquela filha morena dos cabelos ondulados, que seria tua cara, mas teria o sorriso do pai? Pra onde vai o apartamento que vocês planejaram comprar um dia? Pra onde vai aquela viagem para Londres? Os discos de Cazuza, Ed Mota, Djavan e todo o Clube da Esquina? O violão que alguém tocava? Aquela comidinha preparada com tanto prazer? Os filmes e o futebol no fim de semana? As conversas em família? O prazer pela presença, a dor pela ausência? Não sei quando, nem porque tudo isso acaba. Não sei em que momento você se perde do outro. Mas sei que em algum momento, a chegada dos filhos é adiada, assim como a compra do apartamento. Não existe grana para a viagem a Londres. Os discos de Cazuza e todos do Clube da Esquina, você ainda ouve, com o coração partido. Ed Mota e Djavan te fazem querer cortar os pulsos. O som do violão atrapalha teu sono. A comida, antes tão saborosa, fica intragável. Você prefere ler, sozinha, no quarto. As conversas quase não existem. Quando existem, viram discussões intermináveis por bobagens. A presença e a ausência tornam-se indiferentes. No final de tudo, quando o sentimento acaba, resta uma ponta de dor. Não são ciúmes, nem dor de cotovelo. É só uma dorzinha doída, por tudo que poderia ter sido e não foi. “Eu sou um cara bom demais, mereço ser feliz”. Idem. Eu nunca disse o contrário. Pressuponho que isso não signifique que eu seja uma garota ruim demais. Acontece que em algum momento você deixou de ser pra mim, e eu deixei de ser pra você. Não sei quando foi o começo do fim. Mas sei que o final do fim, foi quando você foi embora, sem olhar pra trás. Foi naquele dia, em que, pela primeira vez, eu não te pedi pra ficar.
O amor não acabou. De fato ele sequer existiu. Se assim não fosse, não acabaria o amor. Pois o que é, não vem a ser, nem se degenera. (frase escrita numa aula de filosofia na faculdade)