Flores pra você.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

O entregador chega na sala e pergunta quem é ela. Ela tem os olhos baixos, escreve, e pensa no resultado da ligação que acabara de fazer. Ela é ela mesma. Até onde ela sabe ser. Até onde ela pensa que é. As flores são pra ela. - É mentira! O entregador dá uma risada gostosa da sua reação. Aliás, o entregador deve achar no mínimo estranha uma reação dessas, vinda de uma mulher, que acaba de receber flores. Não percebeu se era o mesmo da outra vez. Se era, deve ter achado-a louca. - Quem mandou? Sem cartão. Sem mensagem. Sem telefonema. Sem e-mail. Sem sinal de fumaça. Sem sinal nenhum. São flores do campo. Coloridas. Simples. Ela gosta. O entregador continua rindo. Acho que pensa na resposta que não pode dar àquela pergunta. - Quem mandou? Ela continua sem entender aquele arranjo sobre a mesa. Procura auxílio no dicionário da era informacional. No Google encontra um possível significado para as flores do campo: Juventude. Equilíbrio. Ponderação. Seria alguma homenagem pelo dia do servidor público? Seria uma demonstração de carinho, sem maiores intenções. Ela continua sem entender o que significa tudo aquilo. Mas elas são bonitas. Não esperava recebê-las numa quarta-feira, a tarde, depois de um dia que começou com uma curta noite de sono. Aliás, não esperava recebê-las, em momento algum. Mas elas são bonitas. Coloridas. Simples. Ela gosta.
Sr Anônimo, ela pede para informar-lhe que respeita totalmente a sua decisão por preservar sua verdadeira identidade. Porém, deve lembrar-lhe que, embora tenha muitas qualidades e características interessantes, a clarividência e a advinhação não estão entre elas.
Portanto, caso o senhor deseje colaborar, ela apreciará imensamente o dia em que resolver sair do anonimato.

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