O arco-íris de óleo

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Estava lendo um texto no elessabemdemais.blogspot.com, que mencionava o arco-iris na poça de água. Aquele que faz quando é derramado combustível na água, e a luz do sol reflete as cores. Lembrei de como foi incrível a primeira vez que vi um arco-íris no chão, numa poça, no caminho entre a minha casa e a casa da minha avó. O mesmo aconteceu quando escutei "obséquio" pela primeira vez, eu ria, contava a todo mundo sobre aquela palavra. Achava engraçado o som que fazia quando pronunciava. Não tinha idéia do que significava, mas também para aquele momento, não importava. Lembrei de como é gostosa a sensação de descobrir novas coisas, mesmo que depois alguém venha e diga que não era um arco-iris de verdade. Ou que "obséquio" significa "por favor". Nessa hora lembrei de todas as coisas que ainda me surpreendem. Como o olhar de Lívia pras cortinas com as bonecas. Como eu acordar, sem reclamar, as 05 da manhã, só pra ver se ela tava respirando, porque não chorou durante a noite. Como tirá-la do berço cedinho, com o dia clareando, e ficar brincando com suas mãozinhas e os pingentes da minha corrente que ela descobriu pelo barulho e pela cor reluzente. A cena mais encantadora que vivenciei nos últimas dias. A mais assustadora também. O sinal de mudança. Lívia, o nome não poderia ser outro, com seus olhos redondos, sua cabeleira preta, a pele branca e as bochechas rosadas de tanto esfregar no lençol. Me olhando e sorrindo, com jeito de quero mais, como quem pergunta: O que é que você tem aí pra mim? Aí pensei em todas as coisas com as quais ela ainda vai se surpreender. Todas as descobertas. Todas as experiências que viverá. E me veio uma necessidade urgente de ver Lívia crescendo, falando, andando. Pulando na cama da avó. Rabiscando todas as paredes da casa com giz-de-cera. Entrando no quarto e pegando no meu cabelo enquanto diz: Acodaaa titiaaa. Lívia em todos os seus vestidos cor-de-rosa e lilás. Pensei em todas os livros que lerei pra ela, até que ela aprenda a lê-los para mim. Imaginei as conversas que teremos. E quando ela vier me pedir algum conselho. E quando tiver que consolar aquela menina, por causa das peças que a vida acaba nos pregando, inevitavelmente. Senti uma vontade enorme de abraça-la e deixa-la pra sempre ali, guardadinha, aninhada em meus braços. Porque Lívia ainda é tão pequena e o mundo é tão grande.

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