Who is that girl?

domingo, 7 de março de 2010

Nascida em 83, um ano no qual nada de extraordinariamente importante aconteceu, pelo menos não que eu me lembre. Virginiana, com ascendente duvidoso, e Vênus em Leão, acredita em astrologia, às vezes, tá bom, na maioria das vezes. Serve como desculpa esfarrapada para o gênio forte, teimoso, detalhista, perfeccionista, observador, e crítico, não necessariamente nesta ordem, que ainda assim atrai os tipos mais diversos. Ser filha do meio nunca foi motivo para rebeldia. Embora, às vezes, também sirva como justificativa para essa independência toda, esse desapego, e a sensação de que não importa muito o que faça, ninguém vai estar olhando. Como todo filho do meio, teve que aprender a se virar. Um pouco egoísta, tá certo, falta de uma irmã pra dividir roupas e bonecas. Gosta de meninos. Nunca se deu muito bem com meninas. Meio hipocondríaca, já sentiu dor de barriga e foi medicada com “garapa”. Tem medo de morrer. Pensa demais. Sofre com ansiedade. Tem o sono leve, acho que por medo de perder algum acontecimento importante no mundo, enquanto dorme. Quando criança gostava de cor-de-rosa e tinha medo de lobo-mau, hoje vive num eterno blue e torce pra encontrar um lobo que não seja bobo. Gostava de ler gibis da Turma da Mônica e de ouvir a coleção de discos de MPB do pai. Com eles aprendeu a amar as palavras: cantadas, escritas, faladas e omitidas. Por que não? Queria ser astronauta ou bailarina, quando crescesse. Poderia ter sido atleta, mas faltou-lhe, se não habilidade, um pouco mais de entusiasmo. Poderia ter feito Direito, como o pai desejava, ou Medicina. Pertencia a turma do fundão, mesmo sendo sempre a primeira da classe. Ao que tudo indica, fez esquerdo. Tem cara de psicóloga e se formou publicitária. Faltou-lhe amor a causa. Hoje é servidora pública. Tem medo da mediocridade. Sempre teve o hábito da fazer péssimas escolhas. E mania de não saber o que quer. Tem preguiça de virar hippie. Por isso, se nada der certo, vai tentar concorrer a algum reality show da vida ou fazer um vídeo e virar famosa no youtube. Sempre foi precoce, na teoria, na prática, nem tanto. Se metia em conversa de adulto, o que deixava a mãe irritadíssima. Graças a Deus, não herdou dela, a falta de ritmo (Alô mamãe!), somente as bochechas, o tipo sanguíneo e quase todo o resto. O que lhe permite dançar e fazer cara de quem sabe. Aliás ama a mãe, o pai, e toda a família. É amiga dos amigos. São coisas sem a qual não saberia viver: a família, os amigos e sua cama, obviamente. Tem mania de ser sincera, o que lhe causa sérios aborrecimentos e lhe expõe em demasia. A verdade doi-la a quem doi-la. Aos inimigos, ignora. Não despende-lhes nem o sentimento de ódio, que é pra não gastar a toa. É do tipo ame-a ou deixe-a. Nunca foi a mais bonita, nem a tipa da menina. Pra ser sincera, nem é bonita, nem é feia. Nem alta, nem baixa. Nem loira, nem morena. Não é Flamengo, nem tem uma nêga chamada Tereza, mas lá em casa, todos os camaradinhas a respeitam. Carrega no sangue “níveis variados de poesia, amor e desilusão”. Não tem vocação para Amélia. Gosta de beijos, cafuné, mimos, sorvete de nata-goiaba, suco de manga gelado e morango com leite condensado. Adora fazer samba e amor até mais tarde, e tem muito sono de manhã. Por isso odeia acordar cedo. No seu quarto, você pode encontrar um monte de coisas bacanas, inclusive ela mesma, de vez em quando. Gostaria de ser mais organizada. Costuma filosofar sobre o nada. Gosta de dar sua opinião. Definitivamente, sabe rir de si mesma, e dos outros também. Adora soltar uma gracinha. É do tipo que perde o amigo, o namorado, o marido, mas não perde a piada, embora nem sempre saiba como contá-la. Costuma observar e analisar. Mas teima em aprender com os próprios erros. Já foi mais sonhadora, já foi mais precavida, já foi mais comedida, agora é mais boêmia. Ama literatura fácil, cinema água-com-açúcar, praia com caldinho, e futebol. Complicada e perfeitinha. Ora mulher, ora menina. Chorou com o último episódio de Friends, aliás chora com quase tudo, ultimamente. Acredita no amor e nas pessoas. Que tolinha! Descobriu que já plantou uma árvore, mas ainda não escreveu um livro, nem teve um filho, nem saltou de pára-quedas, nem fez todas as viagens que queria, nem fez um monte de outras coisas. Mas se promete todo dia, que um dia fará tudo isso e mais um pouco.

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